Talibã proíbe imagens de seres vivos na mídia: “Nada que tenha alma”
- 17/10/2024
O Talibã estaria, segundo informações, implementando uma proibição sobre certos meios de comunicação que exibem "imagens de seres vivos" no Afeganistão.
Na terça-feira (15), um oficial afegão confirmou à Associated Press a informação. O grupo militante, por meio do seu Ministério do Vício e da Virtude, está aplicando a regra em algumas províncias, mas não está claro se e quando ela se estenderá a todos os meios de comunicação do país, incluindo a mídia estrangeira.
A nova determinação reflete as leis anunciadas pelo Ministério do Vício e da Virtude em agosto, que também proibiram a exibição de vozes e rostos nus de mulheres.
Essa legislação representa a primeira declaração desse tipo de regras no Afeganistão desde que o Talibã reassumiu o poder após a retirada das tropas dos EUA.
‘Qualquer imagem de ser vivo’
O artigo 17 da legislação, aprovada pelo líder supremo Hibatullah Akhundzada, proíbe a publicação de qualquer imagem que retrate seres vivos.
O porta-voz do Ministério do Vício e da Virtude, Saif ul Islam Khyber, confirmou que a mídia nas províncias afegãs de Maidan Wardak, Kandahar e Takhar foi orientada a não exibir imagens de nada com alma: nem pessoas nem animais.
O diretor da União de Jornalistas Independentes do Afeganistão, Hujjatullah Mujadidi, relatou que a mídia estatal recebeu instruções diretas do ministério para não exibir essas imagens. Posteriormente, essa orientação foi estendida a todos os meios de comunicação nas províncias.
"Ontem à noite, a mídia local independente (em algumas províncias) também parou de exibir esses vídeos e imagens e, em vez disso, está transmitindo vídeos da natureza", disse Mujadidi.
‘Mulheres’
O Afeganistão é o único país de maioria muçulmana a implementar essa regra de transmissão.
A rigorosa legislação anunciada pelo Ministério do Vício e da Virtude gerou preocupação internacional, especialmente em relação às leis que afetam as mulheres.
O Ministério do Vício e da Virtude classificou as vozes femininas como muito "íntimas" e proibiu as mulheres de cantar ou ler em voz alta em público. Além disso, a legislação exige que as mulheres usem véus em locais públicos.